Quem gosta de poesia também é poeta. Essa afirmação pode parecer estranha e sem base, mas, explicarei em poucas palavras porque isso é verdade.
Eu estudei o perfil de diversas pessoas que gostam de poesia para chegar a essa conclusão. Analisei adeptos da poesia em suas diversas formas, seja com métrica e rima ou em versos livres, ou mesmo nos textos recheados por sabores figurativos e enfeitados com palavras cuidadosamente selecionadas.
Uma das novidades que trago aqui é que você que está lendo essa postagem também é poeta. Mesmo que você ainda não saiba disso, ao final dessa leitura irei provar que você é poeta.
Antes de prosseguir, para que fique bem claro, antecipo que a poesia de que falo aqui é a arte de compor versos ou até mesmo textos que ganham ornamentação diferenciada com especial cuidado estético que poderiam ser comparados a versos. Não me refiro ao sentido primário da palavra poesia em sua origem grega poíesis.
Eu comecei a gostar de poesia ainda novo. Acredito que uma das primeiras sementes de poesia que germinaram em minha personalidade já vieram com a música e o improviso. Isso aconteceu quando meu pai cantava quadras comigo, logo que fui aprendendo as primeiras palavras quando criancinha.
De lá para cá venho reservando e cuidando de um espaço especial em meu dia-a-dia para cultivar esse jardim que floresceu em mim, estudando meu próprio estilo poético como um botânico que investiga cada característica de uma flor desconhecida para catalogá-la entre novas espécies. A minha autodescoberta não se encerrou, e a sua?
Quando temos afinidade com algo, seja um tipo de arte, um esporte ou um ofício, tendemos a nos aproximar daquilo de que gostamos. Isso é explicado pela neurociência nos processos de formação de sinapses e na formação da memória (bem explicada na teoria da inteligência multifocal do renomado Dr. Augusto Cury e diversos outros estudos).
A maioria das pessoas que eu conheço que gostam de ler ou ouvir poesia também gostam de compor poesia, nem que seja arriscar algo sem mostrar para ninguém e que ocorra com baixa frequência. Isso também acontece com os adoradores de música que mesmo sem habilidades e noções técnicas musicais, em algum momento esboçam uma tentativa de compor, cantar ou tocar algum ritmo ou melodia, mesmo que seja uma tentativa frustrada. Aí está o X da questão. Um pássaro não nasce sabendo voar e nem todos acertam o voo no primeiro pulo.
Como exemplo, eu já tentei desenhar mas não obtive muito sucesso, porém não procurei instrução para o desenho e nem persisti. Anos se passaram e não desenvolvi as habilidades necessárias para que eu fosse considerado um desenhista, ou seja, como jardineiro dos campos da minha personalidade dei atenção às sementes da poesia e da música, mas não me ocupei das sementes do desenho.
As sementes dos dons humanos, felizmente, não morrem, mas para que germinem e se desenvolvam dando frutos precisam ser cultivadas. Se você não é considerado poeta, mas tem as sementes da poesia dentro de si, para mim, você é poeta. Sempre que eu vejo uma semente de uma árvore, não vejo apenas a semente, vejo uma floresta adormecida.
A diferença entre os considerados poetas e os ditos leitores e ouvintes está no seguinte fato: a junção das sementes da poesia com a dedicação do jardineiro. Essa dedicação é acompanhada de abnegação, pois para priorizar o cultivo da poesia, o jardineiro poeta abriu mão de algumas das infinitas possibilidades de ocupação de seu tempo e sua energia. No meu caso, e de muitos outros, a jardinagem se faz ofício e transforma suor em flores.
Concluo perguntando: – Você já encontrou as sementes da poesia dentro de si? Acha possível encontrá-las e cultivá-las?
Aproveito e convido você a ler e-cordel A Origem do Repente!
Se você gostou, comente e compartilhe!
Um abraço!
João Santana
Excelente forma de convencimento na postagem do professor, parabenizo o mesmo, por ter assim se expressado. Abraços do admiradopr. Valdemir
Obrigado, Valdemir! Fico feliz em ouvir sua opinião. Um abraço!
Parabéns pelo exposto. Eu por exemplo me intitulo poeta, embora não seja capaz de afirmar que vou fazer uma poesia sobre algo. Simplesmente começo a escrever e de repente do jeito que eu queria ou não me deparo com uma bela poesia. Parece que tem um poeta em outra dimensão que aproveita para mandar uma mensagem.
O POETA
Ninguém sabe que eu sou
o que tenho o que faço.
Me chamam de poeta
o alegre palhaço.
Sou um palhaço na vida
fazendo sorrir a multidão
em minhas simples linhas
levo alegria a corações,
que por um momento
vivem a vida,
esquecem a sorte,
cantando firme
um cantar bem forte.
E lá vou eu de novo
na boca do povo
lá vou eu
com um samba novo.
Eu mudaria o brocardo de “médico e louco cada um tem um pouco” para de poeta e louco cada um tem um pouco.
Olá, Reinaldo!
Boa! E todos têm um pouco mesmo, né…
Um abraço!